Henrique Cleier, em mais um domingo mórbido.
A rua e seu movimento característico
de domingo,
botafogo campeão carioca, eu acho,
os carros buzinavam
em um projeto de carreata,
todos uniformizados
exibindo suas bandeiras
e afundando suas mãos na buzina
repetidas vezes,
em uma comemoração
tão superficial.
“Quanta perda de tempo...”
Pensou Henrique Cleier.
A humanidade se comove
Com coisas tão banais.
A praça estava banhada
por suas luzes amarelas
e pelo céu
escuro e pouco estrelado.
Um sentimento de perseguição
aflorou em Henrique e Dito,
um homem,
cabeça branca
e óculos escuro
durante a noite,
aparentava segui-los.
Cada um seguiu seu caminho
no final de tudo.
As igrejas lotadas
emitiam sons de coral.
Um homem em uma manta vermelha,
como um saco de batata tingido,
gritava palavras de superação
no microfone
e toda a igreja adorava:
Gloria a deus!
Aleluia!
Clamor, todos em busca
de algo e de um sustento
pois a realidade
e horripilante de mais,
se apõem na luz
na salvação
pois a escuridão é
amedrontadora de mais
para seus olhos.
“Patético” pensou Henrique.
A escuridão existe pela permissão
da luz,
mas pensar de mais
nem sempre é a melhor opção.
Tome um banho
e reflita um pouco
e vera como tudo é superficial
e passageiro
como a sensação de um beijo
que é esquecida
logo após uma
noite de sono,
então porque esquentar
tanto a cabeça?
Gloria a deus?
Aleluia?