Tantas coisas se falou das características da Consciência... sobre a sua infinita integração, a sua capacidade organizacional atemporal, os seus métodos de percepção, entre outras coisas... Que o Eu pareceu se tornar tão pequeno e insignificante nesses intrincados meandros da existência, que parece ser ele sem importância ou mesmo totalmente mortal ou descartável. Viverá o Eu para sempre? O Eu é a minha alma?
Na verdade, as perguntas são mais como essas, e é isso que o coração da humanidade sempre buscou, seja pela religião, seja pela ciência: Quem sou agora ainda irá existir depois da minha morte? Ainda amarei os que amo, como agora? Encontrarei os que me amam além da fronteira? Serei ainda quem sou agora? O que sou e o que valorizo, ainda me guiaram pela outra existência?
Você tem aprendido até aqui que a Consciência floresce lançando ramos e pétalas em todas as probabilidades, criando assim o que você chama de tempo e espaço. Cada ramo e pétala, claro, é uma personalidade, que você chama de Eu. Mesmo com todos esses "Eus", a flor se reconhece como tal, e única. Ainda lhe pergunto, sem algum ramo ou pétala, ainda que infinitos, a flor seria completa?
Quando você morre (ou dirige a sua atenção para outro nível de percepção e estado), você, em seu ritmo, passa a ter a consciência alargada, lembrando-se de quem você foi, do que tem sido, e do que será. Claro, coloco de forma simples para que entenda. Mas em grande verdade, passa a ter a consciência expandida. Isso acontece mesmo em "vida", do contrário, você não estaria lendo estas palavras. Acontece, que essa expansão de consciência, apesar das aparências, não aniquila o seu ego, pelo contrário, soma-se a ele.
É difícil você entender agora, sabemos disso, mas mesmo se enxergando como muitas personalidades ao mesmo tempo, com variados destinos e escolhas, você ainda focará - se o quiser - num ego de cada vez, e tudo isso ao mesmo tempo! lembre-se sempre, o tempo não existe. E é por isso que é difícil para você entender isso, enquanto tiver esse conceito de tempo como referência básica de sua existência.
Um "Eu" não atrapalhará os outros, eles se completarão, se auxiliarão, e lá na frente formarão uma personalidade única. E ainda assim, seguirão brilhantemente a sua "evolução" única, em direção à mesma forma de existência que conheço.
Fui um ego em seus termos. Hoje, ainda em seus termos, sou vários, infinitos, na verdade. Isso fere a sua razão, mas ainda saiba, há personalidades ainda maiores que a minha e existências que desconheço. Somos, no conjunto da obra, as experiências infinitas de cada Eu que me compõe. Reconheço-me como uma personalidade, mas reconheço igualmente todas as minhas personalidades como eu. Cada ego que fui ainda segue a sua linha de existência, eles evoluem para o que Sou, e assim, Eu evoluo ainda mais. Você lê isso e interpreta como um tempo linear, mas insisto, nada disso existe. O ego que você experimenta agora, é a sua eternidade pulsando no eterno agora. Depois que experimentar o que propôs desta vida aqui, experimentará outros ramos de existência, mas nada dessa vida estará perdida, pois o tempo não passa. Você apenas EXPERIMENTA, e se escolher, poderá experimentá-la de novo, inclusive, vivendo-a de forma diversa da que viveu, ou vive hoje. Faço isso de alguma forma agora, enquanto escrevemos essas linhas.
Você pinta o quadro e o pendura na parede. Mas pode dar retoques se quiser. Como um artista exigente, você o altera, se necessário for. Já dissemos que a sua vida são probabilidades atualizadas pelo seu cérebro, no entanto, em última análise, a sua Consciência vive todas essas probabilidades, e é isso que você entende quando tem a consciência expandida, inclusive depois do que você chama de morte.
Você tem dificuldades de entender conceitos assim, porque você é muito dependente de tempo e espaço. Tanto que os dois caminham juntos em sua realidade. O que você chama de Eu, é a sua consciência altamente focada numa realidade manipulada para se encaixar em suas perspectivas necessárias. Você vê o mundo através de seus cérebros e sentidos, e eles o desenham o mundo para você. O cérebro desenha o mundo de forma dimensional, e só consegue entender as coisas de forma compartimentada, ele cria então a sucessão de tempo.
As pessoas acham que quando dizemos que o tempo e o espaço não existem, que a Consciência tem a sua experiência fundamental num reino bidimensional ou plano, extremamente simples e não complexo. Na verdade, o reino ou realidade fundamental é tão profundo e complexo que não há como descrevê-lo de uma forma que o entenda. Falo de ausência de dimensão, porque é o que você conhece como referências de localização. Mas a própria consciência é não local, e como é ela que cria a realidade, ela está em todos os lugares que você possa imaginar ou criar.
O "você" que você conhece nunca morre. Nunca deixa de amar ou sentir as coisas que o orientam nessa vida. Ele se especializa e cresce, é claro, e muda. Não venha nos dizer que não mudou nos últimos vinte anos. Mas essa mudança só tem valor de experiência, pois ele pode voltar a ser quem ele é hoje quando quiser,,, pois como dissemos, o tempo não acaba, ele sequer existe. Ele volta a ser quem ele é hoje, mas soma a isso a experiência que adquiriu em seu crescimento. E é isso que fazemos agora, ao escrever este texto.
Imagine, por um momento, que em sua infância você se dividiu em dois. Uma parte sua viaja para conhecer todos os cantos do mundo. a outra parte fica. Você aprendeu coisas valorosas, e volta empolgado para contar àquela sua outra metade, os encantos que descobriu. Aquela metade sua viveu também uma vida que você, enquanto viajante, não viveu. Ao abraçá-la e fundir-se a ela, enriquecerão-se mutualmente com as suas respectivas experiências. Serão muito mais juntos, do que seriam separados.
É isso, que em grande maneira, vocês vêm fazer neste mundo. Porque o microcosmo imita o macrocosmo. Vocês tem de perceber em escala cósmica, que são muito mais juntos, do que seriam separados.
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