Capital, Março de 26
A Primavera está cá, já te disse. Mas por dentro de mim, a implodir, sinto a roupa a rasgar-se nesta vontade que não sei se dominarei e tão pouco se quero ter freio nos cavalos que me galopam.
Tudo culpa tua.
Ontem lembrei-me do teu hálito, da tua boca, da tua primeira saliva na minha e do coração a rufar como um bombo que se vibra. Estou viva, continuo viva na lembrança de cada pedaço de pele dos teus lábios e isso revolta-me, não quero saber de poesia nem flores nem nada a não ser ter-te como nos encontrámos filtrados num raio que nos atravessou. Foi isso que senti, queimada, consumida e renascida por cada vez que não falámos e do silêncio fizémos tudo o que quisemos.
Poesia, dizías tu.
Então beija-me Poeta.