Poemas : 

o náufrago

 
Tags:  finitude  
 


chegou na praia .
tocou a firmeza do chão

tossiu o mundo
que o traiu

cuspiu as ondas
que o levaram
pra lá e pra cá

mas se entristeceu
quando percebeu
que havia se
acostumado
com o mar










Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

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MarySSantos
 
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Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 24/03/2018 19:56  Atualizado: 24/03/2018 19:56
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16148
 Re: o náufrago
Gostei desse " tossiu o mundo" e do " cuspiu as ondas". Não sei se seria uma hipérbole. Só sei que gosto muito dessas figuras de linguagem tão ricas em tua obra. Beijos!


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 26/03/2018 06:56  Atualizado: 26/03/2018 17:25
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: o náufrago
O náufrago faz o mar. Ai, desculpa, queria dizer "o hábito faz o monge".
Ao ler o teu poema não consigo deixar de pensar na sindrome de Estocolmo.
Saído do mar e chegado em terra, ou antes areia, obviamente quem temeu pela vida às mãos da água, a despreza.
O cuspir tem um sentido que leva àqueles que engolem um "pirolito" e se engasgam e têm como reflexo natural a tosse e a cuspidela.
Por outro, a cuspidela como sinal de desprezo, descontentamento.

Mas há um twist gostoso que me leva à sindrome.
A última estrofe levou-me à imagem dos reclusos, que assim que saiem da prisão, sentem a sua falta.
Ou os casos documentados de vítimas de sequestro que ficam com estranhos afectos pelos sequestradores, muito ao estilo dum filme dum realizador que gosto muito, Pedro Almovar e o "Ata-me", um delírio...

Habituamo-nos a tudo, não é?
Somos bichos estranhos...

Bj