Desce o manto da noite
suspende-se a vida sem cor
nas sombras daquela cama
cobre-se de silêncios, a dor
Na incerteza pálida do amanhã
a inquietude espreita sem pudor
Veste-se de pranto o peito
num olhar frágil, perdido
o medo amortalha a voz
nesse ocaso desconhecido
As linhas deslizam incoerentes
na tela escura do ecrã
traços pulsáteis de um coração doente
faíscas de azul nos rasgos arrítmicos
onde os rostos adormecem
na débil esperança da mente
E a luz que ilumina timidamente o silencio
desliza alucinante no tempo
cravando na insónia, o tremor dos lábios
da alma ainda ausente
Escrito a 12/03/18