Poemas : 

Saudades são para os fracos

 
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Assim vens cobrindo o meu vazio
Devagar num silêncio ensurdecedor
Palavras em uma letra já morta
Onde só restará o nada em flor

É assim que quero este jazigo
Esquecido de um tempo de dor
Fechar uma página entreaberta
Cremar estes restos sem sabor

Gritos de falsos lamentos
Preenchem só por momentos

Não tiram a sede nem o frio
São meras saudades em bolor
Desses fracos de alma esperta
Que se guarda somente o odor

Fétido destilar de ocre fastio
Sem mais do que a sua mera cor
Residuos secos em vala aberta
Desse aterro que taparei sem pudor

Zurros de pequenos jumentos
Passam breve sem ressentimentos...


António de Almeida

 
Autor
Antonio de Almeida
 
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