Dúvida que me aflita
Tende piedade de mim.
Deita-me em teu colo e incita a resposta por fim.
Não sei se é de ti que sinto falta
ou de teu afeto, descansando em meu peito
Satisfeito, nessa saudade que me assalta
Dos teus olhos que vejo o imperfeito, apenas tristeza.
Quanta teimosia em ti, quanta solidão.
Vejo com exatidão?
Dúvida que sucinta.
Atina a verdade, arranca-a do fundo do coração.
Credes sem crer na verdade. Por fim perjúrio.
Pois sabes que não é dela que precisas
É do cheiro, do abraço, do afago, da respiração.
Do arfar do colo calmo em sono pesado sem inquietação.
Por que falas de matéria, jogos.
Também sei jogar, mas sou perdedor.
Perdedor dentro de mim por não saber
Se é desses teus olhos que sinto falta
Ou do vazio que você deixou.
Enfim... quão estúpido eu sou.
Oh dúvida, tende piedade de mim.
Por que não entendo o que se passa.
Em mim. Poderia passar. Poderia ver.
Pois já passou. Mas quem eu sou? Onde estou?
Perdido, nos teus olhos
que nunca me enganou.
Oh ego Laevus!