Há um modo insidioso de criar distância de quem um dia foi ou esteve próximo. Eu não me percebo aprendendo a ser próximo. Quando dou por mim, estou longe! Mas como, por que vias oblíquas?! Não sei dizer...
Eu consumo pessoas e pessoas me consomem. Somos, no começo, mutuamente hiperfágicos, insaciáveis, quase nos entredevoramos. Bebemos um ao outro tentando chegar ao último gole.
Agora, corte — eu te arremesso, tu me arremessas para a terra de ninguém. Lá tu não estás, eu não estou. Não nos queremos mais na paisagem. Humanos somos!
Gosto desse exagero todo. Preciso dessa pancada na mente para acordar minha sensibilidade, minha capacidade anestesiada de estar próximo de...
Dá-me tua mão, suporta-me, se podes, se ainda queres.
Eu sou só carência de ser com...
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[Desterro, 22 de janeiro de 2018, às 03h29]