Quero no final da tarde
Um cavalo pedrês
Quando a noite chegar
Beijar um céu xadrez
Caminhar pela rua
Toda nua, rua nua
Toda sua, pura e nua
Ruas e corpos são assim
Quero um abraço
Me cortando o pescoço
Daqueles que doem por três dias
Que machucam a alma e corroem o osso
É nosso o ofício de amar e de querer
E sem mesmo não ter, ser querer
Somos montanhas gêmeas morrendo de sede
Banhadas de água e atoladas de mágoas
Quero dar um passeio e perguntar pra minha cidade
Porque na minha pouca idade te vi morrer mais cedo!
Não tenho medo, só sinto a saudade de amigos
Não corro perigo, me deslizo e me escondo na luz!
José Veríssimo