Permanecem guardadas
várias lembranças
de um tempo fulminante.
Nesse mesmo tempo
fui muito do que sou,
pelo encantamento vivido.
É bom,
quando conseguimos ser melhores,
quando gratuitamente sabemos dar
uma grande totalidade de nós
(se não toda).
O quanto estamos presentes,
o quanto conseguimos sentir
e vibrar numa grande percentagem.
Mas como em tudo fulminante
é tão veloz,
como a vontade de uma amor eterno.
No código de barras
estava o prazo de validade,
mas eu não soube ler as barras pretas
e continuo sem saber.
O que sei,
é que as cores a que me dediquei
(aquele amor bonito)
foram tantas
como aquelas bolsas de canetas de feltro
que nos ofereciam
em quantidades múltiplas em criança.
Talvez esse amor
não fosse de feltro, mas de aguarela.
Diluindo-se pelas lágrimas e dor sentida.
Então fiz promessa
sem conversa nem testemunhas.
Agarrei nas memórias,
dos momentos em dualidade
e guardei na gaveta.
Muito tempo passou.
Deu para perdoar. Até eu me perdoei.
Os caminhos voltam a cruzar
sem nunca existir descruzamento completo,
a bem da verdade.
E aí vejo, sem margem de engano
que muito fica enlaçado.
Sentimento de amizade,
cumplicidade,
de quem se conhece para sempre,
mesmo que muito se mude.
Mas é só isso.
Não queiras abrir a gaveta,
onde as lembranças ficaram escondidas.
Digo-te que já nada volta a ser como foi.
Nem eu acredito tanto em mentiras
e mais,
hoje duvido de muitas verdades.
Luka