Envelheço por dentro e por fora.
Um ano a mais, um ano a menos,
Não faz tanta diferença.
Meu corpo se afasta de mim
Como o domingo se afasta do sábado.
O tempo é um escultor sádico, implacável,
Que adora fazer riscos na face do homem.
Envelheço tal qual o pinheiro:
Olhando sempre para o alto,
Numa tentativa inútil
De não voltar ao pó de onde vim.
Busco as estrelas fugindo da escuridão,
E me alimento das lembranças
Que insistem em me acompanhar.
Em algum lugar do passado
Guardei o mapa da fonte da juventude,
Foi-me dado por uma mulher vestida de azul
Com mil conselhos sobre a guarda e a proteção.
Hoje, ao tentar encontrar tal tesouro,
Só consigo lembrar o nome da fada: ILUSÃO.