Ter de acordar a meio da noite para me injectar,
bebendo bagaço, para, os tremores, se diluírem,
e encontrar a veia menos massacrada a apontar,
mal dormido, vendo as horas aqui a se sumirem.
Nascia a madruga de novo o ritual a me suscitar,
as mãos tremendo que só visto sem permitirem,
segurar a colher com firmeza, e eu farto de suar,
chorava, seringa na mão, com os pais a ouvirem.
Depois de muito esforço, levantava-me prá vida,
tomava banho e desfazia a barba e saia prá rua…
os traficantes esperavam por mim na vil esquina.
Essa era minha rotina, vender droga, co sistema,
para alimentar, minha carne, totalmente crua…
tantas foram as vezes, que maldisse meu dilema.
Jorge Humberto
24/03/08