Na estrada da existência, os caminhos se cruzam, uns, cobertos de rosas, outros... Cheios de espinhos! Na constância dessa vida medíocre e desvalida, melhor seria intercalar os passos na caminhada, ora, passos sobre rosas, ora, face sobre os espinhos!É necessário sofrer nas partes sensíveis mais do que a doçura nas partes ásperas: Sofrimento gera amor, confiança e fé... Enquanto o gozo desregrado espalha luxúria e utopia!
A cada toque macio das pétalas ficamos imunes ao toque dos espinhos, se tivéssemos sempre o rosto sobre rosas, os espinhos acabariam nos lesionando os pés!O caldeamento só se torna eficiente, na capacidade de assimilarmos a dor. A facilidade nos torna presa fácil do vício, orgulho, ambição e desamor!
O sofrimento dosando a felicidade na mistura correta e suportável transfigura-nos para o Criador na plena essência da realidade. Não quero só rosas na minha caminhada, peço ao Eterno que poupe os meus! A mim: dê-me espinhos adoçando rosas! Pra não ser paria na humanidade. Que os espinhos, a mim destinados, redimem a prole deserdada da sorte, assim, os meus, comigo, gozarão ventura e, no porvir da benemerência plena, comunguem a felicidade e vitória do amor!
Rosas lambendo o chão, sombras seguindo a imensidão. No cheiro da campina: O frescor da face purpurina! No viés do espelho: A faísca do olhar!No reflexo da agulha: A timidez do luar! Sol orgulhoso... Escondido pelo planeta, aceita patuscada de enjeitados no ostracismo do dia. O perfil das armas, a silhueta das labaredas. O halo das almas... A firmeza das serras, a frieza das veredas.
Chão lambido pelas rosas, imensidão seguida pela sombra. Campinas cheirosa... Face purpurina na penumbra. Mormaço da tarde que se foi e o olor das flores que se vão. Algazarra das prostitutas a coar o coágulo da amargura! Restolho de amor no filete da ilusão, chuva de desprezo no interior do coração.
No piscar de olhos das estrelas, o pálido esgar dos mentirosos, nas serestas dos maltrapilhos, os trejeitos dos infelizes. Nas quinas das alcovas, o sepultamento dos valores, nos pisos dos banheiros, o tremularem dos rins.
Rosas beijando o chão com perfume de saudade, sombra seguindo a imensidão na purpurina face da piedade. Abóbada celeste com talos de estrelas... É como o brotar dos seios na periferia do busto. Na frieza dos mapas o aborto dos vulcões, na gramínea esponjosa os espinhos da coroa.
Rosas ocultando o piso com odor de nostalgia, sombras cobrindo o chão liso na rósea face do dia. Soluços dos condenados... Acotovelar dos brutos!Castigo aos impuros na angústia dos desesperados.
No apartamento dos inválidos o florescimento da amargura, no desequilíbrio dos anseios o plantio da... Ambição! Ares do tempo que passa na ruína dos princípios, memórias de um passado na etérea marca do tempo.
Sentimentos da alma cativa, lacrados na ogiva do peito. Lamentos em alma aflitiva do Ser choroso... Imperfeito!Lamúrias do fundo d’alma sem ecos em sua irmandade, irmãos perdendo a calma, cheios de ódio e crueldade!Murmúrios no burburinho de pessoas... Impessoais!Carnes para o pelourinho de seres... Já animais!
Arfantes peitos/arquivos, nichos de vis maldades. Covis de dons esquivos... Poço fundo de inverdade!Louco! Venal e insensato! Devasse o teu peito velado, desarma-te de todo aparato Abraçando o Crucificado!
Suplícios e desenganos, fracassos e desditas!São doações do destino à plebe decepcionada... Imenso infortúnio, vero e constante, medram no teu ser em pulsação arfante. É grande a desgraça da mísera orfandade nos desígnios da sorte e no viés da vil partilha. A ti, o caprichoso destino, distribuiu apenas o penar, pra que, nos ombros, possa conduzir o lenho doloroso.
O sofrimento campeia na vastidão da dor, em teu ego massacrado, sem o linimento da paz. Em teu egoísmo inglório ricocheteia às ofensas e, devolves às mãos cheias, os males a ti impingidos. É um universo de dor no teu execrante pensar: Os demais... São felizes!Só tu... É o opróbrio!Desgraçado e suicida, pare, pense e... Observe! Em teu derredor há dor: Ela não é só o teu algoz!
Os sofrimentos deste mundo são reprimendas do Criador, purgação para a humanidade e, gabarito de nossos erros! Alvitrante, um cego aceitaria de bom grado o teu padecer, em troca de um dos teus olhos que lhe restitua a visão plena!Ajuntamento de trapos nas esquinas da ilusão, amealhar de feridas no esticar do tendão. Purulência da visão na miopia da verdade, surdez da inteligência... No apagar da sagacidade!Acotovelar das células no plasma envenenado, reunião dos dejetos no sangue estagnado.
Apodrecer da carne em esqueleto deformado. Medulas diluídas em osso descarnado. Jactância do orgulho na cicatriz da alma, descaso do perdão que consome a “fúria”.
Esta autópsia programada, um dia, virá plenamente e, na mesa da operação, não sobrará uma semente!Enquanto dermos valor ao nosso mesquinho físico, a nossa alma (ou espírito) encarcerada, farão do lodo... Paraíso!
Sebastião Antônio BARACHO
conanbaracho@uol.com.br
Fone: (31) 3846-6567
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.