Um quarto perto da cozinha na Marechal Floriano.
Minha avó cuidava dos recém nascidos.
Visualizo uma bebê na cama e as palavras talvez de vovô ou de um tio: É linda!
Tudo começou nessa lembrança.
Cresci. De vovô Luizinho Espanhol, fui a Biri.
Biri...Nunca soube a origem do apelido.
Só sei que envolvia um amor sobre humano.
Fui querida...Fui a "neta"...
O pegar no colo e colocar no ombro.( No morrinho onde fica a casa da Terezinha Pascoal)
Eu morava pouquinho abaixo.
Em frente ao Sr. Amaral.
Eita trecho antigo. Conhecido e querido.
Sempre me mantive por ali...
Até que há alguns anos, para perto do céu eu subi.
Era tudo muito simples.
Simples eram todas as pessoas. Eramos nós...
Tinhamos uma vida boa.
Aquele trecho da Rua do grupo, Melo Viana, São Sebastião, Travessa São Paulo, Marechal Floriano e Rua da cadeia, era o meu "quadrado". E de alguns de vocês também.
Nasci. Cresci. Casei. Gerei.
Sempre nesse " quadrado" morei. Saudades da vizinhança.
Fui feliz...Fui querida...
Ali aprendi a amar a vida.
Do período estudantil, conservo grandes amigos.
Quase todos aqui comigo.
Nessa telinha onde nos encontramos.
Falamos e revivemos momentos.
De cada amigo de infância, de folguedos e brinquedos.
De adolescência.
De cada um guardo uma lembrança.
O nosso tempo de criança não foi "rico". Foi " Divino".
Merecia e ainda merece o nosso hino. Cadê o hino?
Que fale da gente.
Eu quero um hino de presente.
Do jeitinho que a gente era.
Feliz pra danar...
Brincar. Estudar.
Os primeiros "ensaios" pra namorar.
Não cito nomes porque a lista é grande. Deixe pro Montenegro. Deixe que ele faça a lista...
Naquela época, já tinhamos nossos segredos...
Namorico na escola, nas matinês, no Flamê.
No "Mara" nem é bom falar.
Já fui até roubada no meio do salão. Que confusão!
Até hoje cumpro um castigo.
Ninguém pode dançar comigo.
CERP, quanto namoro escondido ou não correspondido.
Quantos beijos desejados e não dados. Nada melhor que um beijo roubado.
Lá, vinha o Pe. Sérgio dizendo : Maria, não é certo esse namoro de dia. Olhe pra esse uniforme. Se conforme.
Você aqui veio estudar.
Esse namoro só vai atrapalhar.
E nada desandou. O proibido mais me atiçou.
E vocês amigos ex colegas, nunca ficaram atrás... Cada caso cabeludo...Coisinhas de satanás...rsrs
Podem bater no peito: por suas culpas, suas máximas culpas...Não venham com desculpas.
São tantos nomes guardados.
Beijos roubados ou não dados...Sedentos até hoje.
Amores sublimados que se eternizaram...
Que ainda fazem o coração acelerar, os olhos escorrer e o sono se perder.
Agora, te peço menino, meninos que meninaram em época distante. Apaixonante.
Abram o bico. Peguem o violão e joga pra fora essa canção...
Que nos defina e eternize.
Que fale dos nossos deslizes.
De um tempo danado de "Bão".
Tempo esse, que hoje, ao celebrar mais uma " Primavera" me arranca risos e saudades. Oxalá, suspiros de paixão.
Mas me faz crer de verdade: Eramos felizes? não.
Somos felizes!
Somos mais "nós" e nunca estamos "sós."
Temo-nos uns aos outros...
E isso para mim é tudo.
Vocês compoem minha história e me dão vida.
Esse é o meu maior presente...
Obrigada e meu beijo em cada coração.
27.01.2018
Vera Salviano