A ÁGUIA E O VULCÃO
Levo uma saudade danada, bem guardada
Pendurada no ombro num velho embornal
E sou mesmo muito inquieto e coisa e tal
Talvez, um santo sem fé caindo do altar
Viajo nos cachos dos riachos, pra desinquietar as águas
Lá praquelas bandas do forno de quitanda e água de mina
Nas terras de Virgínia e da luz de lamparina, antes da usina
E me invento no vento, te espero menina, só prá te abraçar
Sobrevoando seu corpo, como a águia o vulcão
Que de tanto calor acaba não fazendo seu pouso
E censuro vestidos longos e amores curtos, noturnos
Tento me trocar por você, mesmo assim não te encontro
Prego tua luz no chão, tua imagem no meu coração, tua imagem
Te amo antes da fé e com um dedo na luz, desenho você no céu
Rasgando a luz, durmo com você na tua estrada, de sonho e nada
E como você, sinto fome, não tenho pressa, sem essa, sigo estrada
José Veríssimo