Quando eu te percebo
Meus olhos ficam frouxos
Criam Ícaros de asas meus medos
E meus dedos vermelhos ficam roxos.
A visão chega a massagear o meu corpo
Que minha alma feliz rodopia, baila e dança;
Embala o meu ser, me torna a ser criança
A impetuosidade dos dois olhos em fogo.
(Confesso que não uso de artifício:
São coisas de um coração tíbio.)
Estranho é que quando eu te vejo
Toda atmosfera se pinta e se colore,
Num mar de felicidade eu velejo
Singrando nuvens pratas e cor de cobre.
(O horizonte sangra, agonizante:
Coisas de um coração itinerante.)
Sim, sinto tudo isso e digo com muito esmero.
Mas não é mister num poema dizer-se tudo.
Apenas que a imaginação multiplica os zeros
E que com um grão de areia se constrói um mundo.
(Pássaros se vão, velozes pelo espaço:
Coisas típicas de um coração de palhaço.)
Gyl Ferrys