rasgo as folhas uma a uma
mato palavras a pau
nem por sorte sobra uma.
não sou forte nem valente
a cobardia é meu lema
e a minha boca fechada
abate mais um poema.
meu corpo é massa disforme
como tanto do que penso
o meu sangue não tem nome
a minha alma não grita
e, a cada fome que vem
tomo castelos ao vento
que dentro nem gente tem.
aqui tombo apavorada
pela folha de um papel.
palavras sendo asas brancas
por onde andam se são tantas
para que existem se as não tenho?
ah, não mereço a poesia
porque a medo me desenho.