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ESSE TREM NÃO É BENTO

 
Tem um trem que parte em prantos,
Deixa, diariamente, o meu peito, em tantos
Levando meu ouro, meu diamante, minha garantia
É um trem danado de ruim, um trem amaldiçoado
Que muda minhas montanhas de lugar,
Destrói os ninhos dos meus pássaros
E colore de vermelho meus rios e olhos

É um trem que empobrece meu povo, condena meu amanhã
Colore o futuro das crianças na cor ilusão,
Trem pesado, forte, trem cego, rasgando meu sertão
Apaga minhas estrelas, cala o canto do vento
Trem onde viaja a agonia da minha terra, da minha gente
Sem piedade sentencia minhas paisagens, meu sangue
Mudando minha estrada de lugar, aumentando minha dor.

Trem apitando e serpenteando sem rumo e se diz sem dono
Pra quem vê de longe é coisa bonita dá saudade
Esse trem não é daqui; tira tuas rodas da minha terra
Não faças do meu minério as armas, nem guerras
Quero um sol brilhante, não colorido por lágrimas de minério
Um vento forte, de sul a norte; não por uma lua de sorte
Esse céu é meu, essa terra é minha, eterna rainha.


José Veríssimo

 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/01/2018 04:39  Atualizado: 20/01/2018 04:39
 Re: ESSE TREM NÃO É BENTO
Interessante. Mas se deve interpretar o trem como algo real? Se sim, a que se refere?



Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 21/01/2018 16:11  Atualizado: 21/01/2018 16:11
Colaborador
Usuário desde: 10/10/2012
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Mensagens: 12485
 Re: ESSE TREM NÃO É BENTO P/veríssimo
Estes trens... sempre em movimento
não param e nem sequer são multados
atropelam com todo o descaramento
que os freios jamais cedem à ganância
daqueles cocheiros cegos e malvados.
Bom mesmo! Vó