"Em meu peito
guardo as mais belas canções
que retratam o amor e a levidade
duma vida sem censuras"
[...]
Quão bom poder respirar
o ar puro e o perfume exalado
das flores que rego
com sorriso e gratidão
Neste porta-retratos
dia após dia intocável
do semblante dom amável
que revela a inspiração
no saguão principal
vê-se o doce maternal
justaposta-mente
com minha semente
minh'estrela do oriente
semblante angelical
o poeta em que habito
externaliza a lembrança
do meu sonho de criança
de querer viver menino
vivo numa eterna primavera
flores vivas e tão belas,
rosas e amarelas;
entende por que não desanimo?
salutar síntese do viver
breve estação intermitente
mantém-me imune à serpente
que quer entrar sem antes bater
mesmo que se atreva adentrar,
desta não pretendo regar,
nas mãos do tempo hei depositar
para oxidar até esmorecer
meu templo não é de papel;
ainda que fosse,
seria encadernado
sem contar o que passei,
amarguras que sofri
e que ficaram no passado
quem sabe, talvez,
dessa água de reuso
formou-se um bom adubo
para alimentar minhas meninas
flores belas, deste templo,
inquieto de alfa a ômega
decifrado em quatro letras,
que não se encontram nas esquinas
a vós,
a voz dos pais
e dos avós
filha e sobrinho,
irmão de sangue,
irmãos na fé,
amigos escolhidos
silenciosamente,
medita-se a mente
direcionada ao templo
dos tesouros bem polidos
Renato Braga