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Cem pessoas (Wisława Szymborska)

 
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Em cada cem pessoas
Aquelas que sempre sabem mais:
cinquenta e duas.

Inseguras de cada passo:
quase todo o resto.

Prontas a ajudar,
desde que não demore muito:
quarenta e nove.

Sempre boas,
porque não podem ser de outra maneira:
quatro - bem, talvez cinco.

Capazes de admirar sem invejar:
dezoito.

Levadas ao erro
pela juventude (que passa):
sessenta, mais ou menos.

Aquelas com quem é bom não se meter:
quarenta e quatro.

Vivem com medo constante
de alguma coisa ou alguém:
setenta e sete.

Capazes de felicidade:
vinte e alguns, no máximo.

Inofensivas sozinhas,
selvagens em multidões:
mais da metade, por certo.

Cruéis,
quando forçadas pelas circunstâncias:
é melhor não saber
nem aproximadamente.

Peritas em prever:
não muitos mais
que as peritas em adivinhar.

Tiram da vida nada além de coisas:
trinta
(mas eu gostaria de estar errada).

Dobradas de dor,
sem uma lanterna na escuridão:
oitenta e três,
mais cedo ou mais tarde.

Aqueles que são justos:
uns trinta e cinco.
Mas se for difícil de entender:
três.

Dignos de simpatia:
noventa e nove.

Mortais:
cem em cem –
um número que não tem variado.

Wisława Szymborska, poetisa polonesa, Nobel de Literatura de 1996.

Arte: Manifestación, obra de Antonio Berni (1934) sobre las reivindicaciones laborales, emblema del arte latinoamericano.
 
Autor
AjAraujo
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