Um ônibus vazio
com sua imensidão,
sufocante, por ser
tão fechado.
Era um momento de uma breve
despedida para mim,
minha primeira viagem sozinho,
acompanhado apenas de Tony,
era minha primeira tentativa
de vender meus livros.
Eu esperava o ônibus partir
e comecei a me sentir ansioso
e amedrontado,
eu temia o desconhecido.
O caminho fora repleto
de cerração, tudo se assemelhou
a um melancólico filme de terror,
tudo o que restou foi acreditar
que a luz voltaria em algum
momento,
meu pescoço doía,
“PRAÇA DA ESTAÇÃO!” gritou
o trocador.
Tony e eu nos levantamos
e descemos do ônibus,
sentei em um banco
e procurei no Google maps
a localização do hotel,
o caminho era bem simples,
tudo se tornou bem simples
pra falar a verdade,
bem simples de aceitar
minha frustração
por não ter conseguido
vender mais de um exemplar,
outros três exemplares
estão em uma livraria,
20R$
e eles recebem 30%
caso eles sejam vendidos.
A cidade está parada,
tudo o que se via na rua
eram senhoras esperando o ônibus
e velhos jogando damas
em praças
e os lastimados
e famintos, moradores de rua
e o cheiro de bacalhau em algumas ruas
e o cheiro de fezes em algumas ruas
e o cheiro de morte, morte de diversos
sonhos e esperanças
uma morte cinza.
A tarde se resumiu em horas fúteis
dentro de um pequeno quarto,
duas camas, um frigobar
uma tevê e um banheiro,
Quando a tarde chegava ao seu fim
Tony e eu saímos
para conhecermos um pouco a cidade,
compramos comida
e voltamos para o quarto
e saimos para comprar
mais comida
e voltamos para o quarto,
escrevi esse poema
e li para Tony,
então ele riu e disse:
“Mas você só descreveu
o que aconteceu.”