Eu queria falar tantas coisas
Que nunca consegui acumular
Coragem suficiente para te as dizer
Porque sempre que os meus olhos te encaravam
Eles sempre queriam fugir ou se esconder
Lembras - te das tantas vezes
Que nos sentávamos a falar
Na hora de recreio
Em que o meu silencio parecia te incomodar?
Nunca percebias no que eu estava a pensar
Olhavas sempre para mim parecendo, tentando me compreender
Mas quantas foram as vezes que desliguei
Pensando que aquele amor efêmero que vivemos nunca chegaria a ser.
Mas a solução era sempre a mesma
Um beijo que me reconfortava
Um olhar estático e brilhante
Enquanto na minha face a sua mão se apegava
Naquelas lágrimas invisíveis que ela
Parecia ser a única que encontrava.
Saber que não eras só minha
Antes pareceu nunca ter - me importado
Porque no início eu sabia
Que eu era apenas o Homem do outro lado.
Mas e agora? O que é que eu faço?
Quando dizes que sentes a minha falta
E o meu coração vazio parece querer acelerar
A sua velocidade máxima, a sua rotação mais alta
Que egoísta da tua parte
Por - me de lado quando te apetece
Enquanto o teu fogo por outro homem ardia
No passado que ele nunca esquece
Com aquela mulher que o magoava enquanto ela aparentemente o esquecia.
E agora chegas sem aviso prévio
Não me deixando escolha se não te receber
Mas embora eu esteja meio esquecido
Será que ainda me lembro de como te acolher?
Será que se for amor, é para sempre?
Ou é só mesmo até onde ela assim quiser?
José Vieira