Era uma menina, deambulava em torno da sua sobrevivência, esquecida, abandonada, não num mundo de ninguém mas ali onde vivia gente, gente que não avia-a como gente mas como algo feito para aquele lugar que era seu de referência. Também tinha sonhos, mas naquele momento seu sonho era fácil perceber em seu rosto por intermédio das lágrimas, sempre que passava uma menina da sua idade a cantar o que aprendera na escola.
Oh, menina que anda por ali
De sonho amarrado no abandono
Menina da melodia triste
Coberta de trapos do Inverno
Faz no acaso seus dias
Mas vive com esperança
Sua vida sem projecção
Num combate diário
Menina que sorri
Mas no fundo chora
Menina inocente
Criatura esquecida
Oh, menina, menina
Que ninguém lhe vê
Só ela vê
Que ninguém lhe pergunta
Só ela pergunta
Um dia cantou uma águia nessas palavras, e no meio de um vendaval levou-a para onde nem eu sei, e ficou então aquele lugar vago e sem sinais. Foi quando toda a gente perguntava onde anda a menina que ficara por ali, mas nem o vento nem o tempo soube responder. Mas a certeza é que ela foi abandonada em gente como ela era.