Eis que se entoa
O canto das cigarras
Sem grilo, nem morra
Vem mostrar que o verão vem
Sobre a luz do luar
E no luar
Do seu olhar
Eu posso ver
Um pobre beija-flor
Sem rosas brancas
Para venerar
Um coração que sofre
Em meio a dor
Admirável
Cigarra pigarra
No meu cigarro
Sofrendo sereno
Com sua maldição
De cantar até morrer
Pior ainda
O beija-flor que se hesita
A cantar um canto novo
Só pro meu prazer
Ande logo beija-flor
Sugue o pólen com prazer
Não suporto esse amor
Vai fazer-me derreter
Acaba o verão
E a cigarra que grita
Se aquieta e se não se hesita
De se impor uma imensa solidão
E o beija-flor
Que havia me tratado com carinho
Acabara me deixando sozinho
Em constante depressão
Escrito por: Cláudio Moura
Toda vez que eu vejo esse poema eu sempre penso em uma musica bossa nova (não sei porque mas é a realidade aqui)