N'OUTRAS PALAVRAS
Tem gente que se faz ora de mouca
Certa que uma palavra mais aflita
Não cale ao peito a dor, tão-só a grita,
Seja a sua desdita muita ou pouca.
Contudo, mesmo quando dita louca,
Soa à poesia ainda não escrita...
Pode variar de errática à infinita
Até deixar-me a fala quase rouca.
Tem gente que se faz ora de surda,
Pois crê toda a poesia ser absurda,
Ficando o dito por não dito ou mudo...
N'outras palavras, poeto do que quero
Se, e somente se, quanto for sincero
Emergir do inconsciente mais agudo!
Gov. Valadares - 04 04 1995
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.
SONETOS 1995
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