Tua sou na lânguida vida,
Que em lenta bruma, ao vento ecoa;
No crepuscular de um coração adia,
A batida eterna que dele soa.
E por meu caminhar tateante,
Num tremular deserto absorto,
Meu olhar se perde em rota oscilante;
Aos teus olhos miram e jazem mortos...
Quero-te em plenitude cegueira
Fazer-te ver além do horizonte
Este amor que em meu peito incendeia!
E na acutíssima lira encantada,
Soar meu canto tal qual uma prece;
Vinde a mim, tatear a solidão que me aquece!...
(Ledalge,janeiro de 2007)
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)