A flor que caia pousando no seu cabelo,
A mão que por instinto a agarrou,
A palma que a segurava
Enquanto os olhos a defrontavam numa busca de recordações.
O punho apertava-se tentando esmagar a ira,
Os dentes que se cerravam tentando desfazer a dor.
Estava a doer, a magoar em demasia.
E subitamente…
O cheiro que cobriu o ar…
O cheiro da morte.
A morte que em nada tinha de diferente,
Se não um buraco fundo e escuro,
Á espera de um corpo já sem vida.
A inocência a nos envolver,
Aquilo que o amor só é capaz de fazer,
A vontade de que ele abrisse os olhos
Deixando transparecer aquele brilho da sua alma,
Reflectindo-se no seu olhar cor de ébano.
E para ela,
Hoje o caminho pareceu-lhe mais longo que o habitual,
O silêncio mais perturbador,
Um medo inexplicável a percorrer-lhe o corpo.
A ilusão que muitas vezes estava a seu lado,
Agradecia até a quem a tinha inventado,
Porque a dor usando aquela espécie de técnica,
Conseguia hipnotizar um coração ferido,
Tornando as feridas num embalar e muitas vezes resultava.
Hoje não.
Ele já não estaria de volta.
Já não haveria um abraço apertado,
O corpo pequeno totalmente envolvido como uma criança.
Uma lágrima solitária percorreu-lhe o rosto,
Um vazio no lado esquerdo do peito,
O sítio onde havia uma estrela.
A estrela que tinha adormecido para não mais acordar.
E depois…
A calma vazia,
A perda absoluta,
O que lhe restava.
A vontade de lhe ter dito,
Que especial poderíamos ser todos,
Mas que para ela,
Ele tinha sido o único.
CA