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Mãos dadas (Drummond de Andrade)

 
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Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade, poeta.
 
Autor
AjAraujo
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Enviado por Tópico
atizviegas68
Publicado: 16/12/2017 10:39  Atualizado: 16/12/2017 10:59
Usuário desde: 09/08/2014
Localidade: Açores
Mensagens: 1538
 Re: Mãos dadas (Drummond de Andrade) - " A máquina do Mundo"
"A Máquina do Mundo

(...)
"As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge"
(...)
"que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,"
(...)
"se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas."

Carlos Drummond de Andrade
http://www.revistabula.com/391-os-dez ... rlos-drummond-de-andrade/

Obrigada por trazer para aqui um Mestre das palavras.
Um abraço