(baseado no poema de Fernando Pessoa)
O filho de sua mãe,
havia partido para a guerra.
Fora ele e outros também,
lenços brancos,
alguns prantos,
na abandonada terra.
Ao longe as noivas viam
o barco a perder-se no mar.
E os santos traziam,
para pedir suas almas
e assim mais calmas,
esperavam o regresso ao lar.
No plano do chão,
o filho de sua mãe,
atingido por fogo alemão –
trespassado,
de lado a lado –,
jazia morto na terra de ninguém.
A farda exangue,
que sua mãe tão bem cuidara,
raiava-lhe o sangue,
no canto da boca,
desta guerra louca,
que ele em vida desprezara.
Seus olhos vazios,
guardavam os céus,
cabeleira negra os estios.
Agora jaz frio e arrefece,
o menino que ninguém esquece,
que o guarde algum deus.
E na sua terra natal,
todos esperam súbito alguém,
enquanto a comida pascal
é distribuída,
mas não servida,
há espera do menino de sua mãe.
Jorge Humberto
23/02/08