Virei a esquina
e a paisagem mudou
tão profundamente
como se estivesse em outro planeta
Prometa que manterá a conexão
Enquanto busco no chão
marcas de alguém que já tenha caminhado por aqui
Nada há que tenha vida
nem cobra, nem árvore
mas não se arvore a pensar que enlouqueci
Essa viagem acontece aqui
bem embaixo do meu nariz
Eu não a quis
Ela apenas surgiu
diante dos meus olhos
Todas as cores
foram reduzidas a três, apenas três
Cinza céu, vermelho chão,
além da cor da minha pele
Por vezes um clarão
como uma flash fotográfico
seguido de um estrondo
Trágico desconforto
pondo pressa em meus passos
mas pra quê?
O relógio do tempo parou de bater
dentro de minha cabeça
Tudo que pareça ser real
apenas o é nesse contexto
E por vezes rio a esmo
Como passageiro da minha própria loucura
A procura de mim mesmo
sigo, antes que adoeça minha alma e meu corpo
Prometa que manterá a conexão
Visto de tão longe
devo parecer um inseto
Movendo-se incerto, num cenário kafkiano
As referencias foram perdidas ou alteradas o bastante
para que me sinta caminhante do nada
de um deserto sem vida e sem nome
Tome nota da minha coordenada
Não sei mais quanto tempo tenho
A fome já me domina
Me pergunto se haverá noite?
Se haverá água?
Se haverá comida?
Me pergunto que mundo é esse?
Que mais parece o rodapé do vazio
Por onde passeio e por onde me refugio
da minha própria solidão
Prometa que manterá a conexão...
Claudio Lima