Do meu tempo de criança
Quantas lembranças.
Petecas de palha roxa,
Penas coloridas
Ou de angolas, pintadas.
A gente jogava na rua
Não existiam calçadas.
Saudades de andar a pé.
Lá pro sítio Santa Fé.
Quantas corridas de bois
De trás da cerca saía depois.
À noite, tinha lua cheia.
Sanfoneiro tocando pra gente.
Na frente da tuia sentávamos.
Depois dormíamos contentes.
Bem cedo o galo cantava.
E as galinhas salientes.
Café de rapadura, angu frito
Era o lanche da gente.
A gente ia lá no moinho.
Pra ver a roda rodar.
Um dia quase morri.
No poço fui mergulhar.
Na segunda, bem cedinho.
À pé de volta á cidade.
Tão boas recordações.
Guardo hoje dessa idade.
Hoje, nem roça tem.
Tudo virou cidade.
As crianças são privadas
Dessa nossa felicidad
Vera Salviano