Lembra quando dissemos que as palavras costumam ser vazias de conteúdo, explicam pouco, e você quase sempre não dá atenção ao conteúdo que algumas procuram trazer? Pois bem, inspiração talvez, para você, se encaixe na última opção e você pode não ter dado atenção devida a ela. Inspirar, é colocar para dentro o ar. Isso, creio, a maioria sabe. Então, inspiração, é o ato ou efeito de colocar para dentro o ar. Na origem de sua civilização, a palavra alma ou espírito, significava também o ar, o sopro. Porque, como hoje, espírito ou alma era um ser indefinível, impalpável, abstrato; assim como o ar era para eles.
Então, inspirado para o povo antigo, era alguém tomado por um espírito. Alguém que estava sendo possuído ( não no sentido pejorativo )ou guiado por uma alma que não a sua. Fazia todo o sentido, pois os antigos, e até há pouco tempo, julgava-se que certos conhecimentos não poderiam vir naturalmente de alguém que não tivesse sido ensinado formalmente ou vivido suficiente para ter certas experiências, de repente, vir expressá-las. Nem ensino formal existia, você não entrava numa faculdade e saia com o diploma debaixo dos braços, e ainda assim, romanos, babilônios, egípcios, entre outros, criaram obras que até hoje despertam inveja em engenheiros, arquitetos, poetas, músicos e outros profissionais dos tempos modernos. Sim, eles tinham sido "inspirados".
A palavra música, vem da palavra, musa. Aquela mesma, a "Musa inspiradora". A que inspirava os poetas, escritores, músicos e sábios, e todos aqueles que de alguma forma, expressava e produzia um conhecimento além da média humana. Musa, e todas as variações dessa palavra, para os antigos eram os espíritos errantes, que passavam deixando a sua mensagem nos ouvidos humanos. Fosse essa mensagem um poema, uma canção, ou uma ideia científica.
Os antigos humanos não tinham conceitos engessados como hoje, e não era difícil para eles acreditar que alguém estivesse sendo inspirado e aconselhado por uma consciência exterior à sua. Todos os grandes filósofos tinham o seu daemon inspirador, e falavam abertamente disso. Daemon era a palavra antiga para "dinvindade", e passava longe de representar o que a palavra demônio hoje significa para você. Como a reforma religiosa precisava acabar com as crenças antigas do povo "ignorante" do campo, eles literalmente demonizaram a palavra.
Aquelas pessoas inspiradas, hoje, de uma certa forma, é o que você chama de vocação. Uma pessoa com vocação em alguma coisa é uma pessoa inclinada àquele campo, e que de uma certa forma, tem um pendor facilitado para aquele tipo de obra. Como se estivesse sendo constantemente inspirada.
Então, vocês têm sido dirigidos e guiados por toda a sua história. E não estão sozinhos nessa estranha caminhada.
A coragem tem sido entendida erroneamente na linha evolutiva de sua história, e sido confundida com a violência e a força bruta. Claro, pessoas manipulam palavras de acordo com os seus interesses, e como já dito aqui, palavras são vazias de sentido, e por isso, manipuláveis. Você facilmente manda um jovem à guerra, para que ele encare e exerça violência e força bruta em excessos, sob o disfarce de coragem. Mas veja, coragem vem da palavra coração. E coração significa superar os seus limites, pois o coração é um pequeno músculo que sustenta o corpo todo. Então, coragem não é ausência de medo. Pelo contrário, coragem é sentir um medo absurdo por tudo. Conquanto, enfrentá-lo, a despeito de todo o impulso natural em contrário. Porque o medo é ato reflexo natural do organismo humano, é uma forma de se defender e se perpetuar frente as dificuldades que podem existir. Então, se você não tem medo, há algo de errado com o seu organismo. Mas, se você o enfrenta, então você é corajoso. E muito da "missão" da alma neste mundo é sobrepujar a influência da matéria sobre ela. Por escolha própria, é claro, pois nada é imposto.
A sabedoria é a irmã mais velha da inteligência. Navega em outros mares, e pertence a um patamar maior de experiências. A inteligência, basicamente, é a capacidade de entender e memorizar conceitos técnicos e aplicá-los para resolver seus problemas, e pode ser treinada. A sabedoria abrange intuição e experiência, e um quê de atemporalidade. Pois a sabedoria sempre parece estar um passo a frente, ou mesmo, buscar em fontes antigas as suas definições. Os conhecimentos de que se vale a inteligência mudam ao longo do tempo. A matemática, as ciências humanas, o conhecimento geral e técnico vão mudando de acordo com a evolução técnica da humanidade. A sabedoria parece permear a realidade, observando tudo de cima, além do tempo e das técnicas, e o verdadeiramente sábio, sabe, que a observação é tudo. O inteligente aprende com os seus erros, ele precisa errar e sentir na sua pele o peso desse erro. O sábio aprende com o erro dos outros, e polpa a si mesmo a dor que o erro pode conceber.
O preconceito é o oposto da sabedoria. Assim como a sabedoria vê as coisas de cima, e está além do tempo, o preconceito vê as coisas de um patamar muito baixo, e é produto de seu tempo e de sua cultura. Se ser sábio é ter visão alargada e mente aberta, ser preconceituoso é ter visão estreita e mente fechada, na definição de vocês mesmos. Preconceito surfa nas ondas da moda. Em determinada época é moda ter preconceito de algo, que num futuro não muito distante, será a sensação e o auge do comportamento padrão e admirável. Como o corpo usa o medo para se proteger de ferimentos, a consciência humana usa o preconceito para se proteger, e tentar resguardar para si o "status quo". Você só tem preconceito daquilo que constrange a sua realidade "segura" e ameaça a sua suposta hegemonia. A sociedade branca moderna temeu os negros por causa da capacidade física deles, e da adaptação que desenvolveram para suportar o sol duro na pele. Sendo que precisavam dominá-los antes que os mesmos descobrissem a sua capacidade. Uma vez que o sol arde na maior parte do planeta, e onde ele não é tão duro, a terra quase não serve para nada, no que diz respeito ao seu cultivo e à domesticação de animais.
A sociedade teme os homossexuais porque eles destoam o conceito atual de família. Mas não percebem que a instituição família tradicional tem falido, e divórcios e relações violentas são regra na atualidade, e que não é a forma que conta, ou seja, as aparências, mas é o fundo, ou seja, a intenção mais pura por trás de qualquer ato.
Vocês tem é que perceber que estão no mesmo barco, se ajudarem mutualmente como irmãos que de fato são. Enquanto não fizerem isso, viverão esse tipo de experiência a que estão tão habituados. Ora sendo rico, ora sendo pobre. Ora vindo negro, ora branco. Não importa, a forma, lembre-se. E é isso que vocês tem de entender aqui.
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