Meu avô se chamava Américo
e um dia
decidiu que o seu destino seria a América...
Saiu de Freixo de Numão, uma aldeia
no pedregoso vale do rio D’Ouro,
o menino que se alimentava de queijo & vinho
nas refeições da manhã
E rumo ao novo continente
deixou a sua gente
no porto de Lisboa.
E como falou Fernando Pessoa:
ó mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal.
Nas ilhas dos Açores, os viajantes se divertiam
e do convés do navio jogavam moedas n’água
que os negros pescadores de pérolas
iam buscar no fundo do mar.
Eles traziam as moedas entre os dentes.
Faziam isto mais pela sobrevivência
do que por exibicionismo de artista.
Apesar da saudade
meu avô nunca voltou a Portugal.
Meu avô se chamava Américo
e um dia decidiu que o seu destino seria a América!
Luiz Felipe Rezende