Numa madrugada gelada
preciso sair e tomar um pouco de ar
não pensar em nada
e apenas observar
o não movimento nas ruas.
Sinto que estou com medo dos sentimentos
mas a ausência do sentir
me assusta com o tempo,
sinto que a um cinto
preso em meu tórax
que me aperta
dificultando a passagem de ar para meus pulmões.
Tudo se parece como um bom banho quente
só que a resistência do chuveiro sempre está queimando,
a água gelada vem me envolvendo em um abraço frio e solitário
me trazendo a tona
em uma realidade não tão agradável assim
mas o sabonete ainda está no meu corpo
então apenas me entrego
até que esse abraço não seja mais necessário
até que a água volte a ficar quente por um tempo
até que eu encontre quem está sabotando meu chuveiro
ou até que eu descubra que não a nada agindo por detrás de tudo isso
e que tudo é predestinado a ser assim.