Quando se ouvem badaladas
Desse sino solitário
Fala a fome das consagradas
De Santa Helena do Calvário!
No silêncio da cláusura
Entre o dia e a penumbra
Grita o sino por ternura
Contra a fome que se apruma!
E as Trindades vão soando
E a fome vai batendo
Toca o sino de quando em quando
E à Abadessa vai morrendo!
E não há quem não pereça
Ao saber que num Sudário
Morre a última Abadessa
De Santa Helena do Calvário!
P.S./ Poema dedicado ao Convento de Santa Helena do Monte Calvário na rua da Lagoa em Évora, onde, viviam freiras Franciscanas de clausura em extrema pobreza. Conta-se que, em momentos de maior fome, as religiosas tocavam um determinado sino que, ainda hoje, pontifica nos campanários do convento, a fim, de pedirem auxílio ao povo da cidade, o célebre Sino da Fome. O convento foi encerrado com a Morte da Última Abadessa, D. Maria José, a 6 de Setembro do ano de 1889 de Nosso senhor Jesus Cristo. Ficam os versos para recordar.
Ricardo Maria Louro