Ouço declamar com voz colocada
O ser de um poeta morto de corpo.
Sentida a voz ondula o entoar
Daquela pedaço de pessoa sofrida
E faz-se ouvir triste e chorada,
E faz-se ouvir rica e morna,
E faz-se ouvir...
A folha escrita que se lê
Faz parte de um todo... livro,
Agarrada a uma firme lombada,
Amparada por singela capa
É página, episódio de vida.
Ouço declamar com voz colocada
O corpo de um poeta vivo de ser.
A cada estrofe que se diz,
A cada verso que se ouve,
Nasce mais um novo aprendiz
Desta arte que não se copia,
Deste sentimento que não se plagia.
Este livro que se toca,
Abre-se de par em par
Como se se desse a orgia louca
Com qualquer um que o queira...
Sentir... olhar... namorar.
Continuo a ouvir declamar com voz colocada
Todo o ser de um poeta morto no seu corpo,
Todo o corpo de um poeta sempre vivo no seu ser.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.