Deixo-te uma esperança
Muito grande no homem,
Que apesar das desavenças,
É um bicho que muda.
Deixo-te um pouco de solidão,
Que nem sempre me magoa o coração,
Ao me dissecar por meio de lágrimas
Ou de rudes poesias.
Deixo-te meu violão
Para fazeres neste mundo,
Ainda que seja com sacrifício,
Um mundo que nunca fique indiferente
À Boa música.
Deixo-te meus sonhos
Para que não despertes,
Um único dia que seja,
Sem o indelével sabor,
De um grande sonho a realizar,
Por mais humilde que possa parecer
Aos olhos de todos este sonho.
Deixo-te um espaço infinito
Para que o preenchas ,sobretudo , com amor.
Deixo-te um gosto imaturo
No vento que eriça os cabelos
E afasta maus presságios.
Deixo-te meus animais e livros
Que preenchem meus momentos
De ternura e solidão.
Deixo-te minha profissão
Para que não te envergonhes
De dar amor aos animais,
Para que não te esqueças
De olhar com carinho
Os desvalidos de nossa civilização.