Três batidas da porteira
Aquela velha porteira,
Na subida da pedreira, bateu triste certo dia.
O sol ia descambando,
Quando Bento soluçando de Chiquinha despedia.
Ele partia para a guerra,
Na porteira ficou ela, vendo ao longe ele sumir,
A porteira foi fechando,
Duas vidas separando, para nunca mais se unir.
Depois de um ano passado,
A porteira no cerrado, a segunda vez bateu.
Era um portador que vinha,
Para dizer a Chiquinha, que seu amado morreu.
A batida num lamento,
Entrou pela mata a dentro e abalou todo o sertão.
Chiquinha desesperada,
Caiu sem vida na estrada, com o bilhete na mão.
No outro dia de tardinha,
Passou o caixão de Chiquinha e o cortejo lhe seguindo.
A porteira entristecida,
Deu a terceira batida de Chiquinha despedindo.
Ela foi pro campo santo
E a porteira com um manto de cipó ela se cobriu.
Como um luto de saudade,
Por tanta felicidade, que o destino destruiu.
*JOSÉ FORTUNA (1959)
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https://www.youtube.com/watch?v=3mv19FR4fgo
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