se eu largar a caneta agora
por agora conseguiria me encontrar?
por um dia, uma hora
um açoite ou ourora
outrora jamais me reconheceria
pois do vento ecoa o arco-iris do meu eu
fazendo a promessa dessa história
se como as plumas a voar
quem saberia se poderia ao menos uma vez aqui pousar
angustiante seria me encontrar pois inutilmente
conheço o pesar dos pés descalços a andar
e sem norte vislumbrar
as pedras da sereia
e as bruxas na trincheira a gargalhar
venham, venham todos!
gritem sem medo
cantem a poesia do meu eu
vislumbrem a maestria
encantem a sinfonia invisível aos olhos meus
mas não esqueçam de que ainda tenho medo
sobretudo do desamor
de saber que cá estou
insulada onde sempre estive
angustiada pois é certo que me contive
mas é tarde, eu sei
as ondas gritam as horas
as farpas raspam pela pele
e o tempo permanece inerte
intocado pelo elo meu
não, não me julgue
pois não poderia logo eu um ser condenado a deslumbrar seus encantos
ser condenado apenas por sonhar estar onde moram seus beijos
mas cá estou
me encontrando plasmando os sonhos do sabor dos seus olhos
mesmo pasmado estando
você ainda será sempre
o último beijo meu
eis que nunca dado
porém almejado pelos
acordes do elo vosso