Vejo a luz à minha frente
Sinto as trevas atrás de mim
Tento encontrar a chama ardente
E afastar-me do abismo sem fim
Entre onde ambiciono chegar
- O cantinho luminoso do céu -
E o que sei que devo deixar
Encontra-se o ser a que chamo “eu”
Às vezes vivo num mar de agonia
Na mistura do bem e do mal
E em tão grande desenfonia
Sigo pelo caminho acidental
“É por aqui que devo ir?”,
Pergunto, sem ouvir resposta.
Melhor assim, do que ouvir
Que errei na minha aposta
Se é preciso andar, andarei
Mesmo sem saber para onde vou
Se for para cair, cairei
E verão de que raça sou
Tenho em mim apenas luz trémule
Quase um fósforo já queimado
Mas a minha alma é solene
E o coração não viverá acorrentado
Março 2016