Para escrever poemas é preciso sonhar.
Mais que o céu, as estrelas, o sol, o luar;
É preciso sonhar a realidade,
Dos sonhos estancados...
É preciso amar. Apaixonar.
E renunciar ao que se escreve.
De repente, meu ego voa.
Tenho um pouco de Lispector,
De Adélia Prado, De Lia Luft,
De Veríssimo, Drumond e Fernando Pessoa.
Passo longe do Carpinejar.
Trago vestígios de Bilac.
Um tempero de Bocage.
E quem os espíritos e deuses inspiram,
A Antoine de Saint- Exupéry.
Tento construir minha perfeição.
Simplesmente, ela não existe.
Não. Comigo não. Quiçá com outrem.
A " Perfeição" é um caminho.
Termina com todas as estradas,
Em uma única Estrada.
Não existe nem o bom,
E nem o ruim.
Simplesmente uma estrada,
Que cada um
Percorre.
O sete é a " Perfeição."
O dez é a " Totalidade".
A Totalidade não se produz
Pela Perfeição.
Mas pelo que acreditamos.
Se no poema eu minto.
A mim traio.
Se no poema traio,
A mim minto.
Posso ser fruto da fantasia.
Ou da realidade.
Mas nunca serei
O que minh'alma não é.
Aí reside toda a minha identidade.
Toda minha verdade.
Ser poeta.
É brincar com as palavras.
Mas nem sempre,
Elas querem brincar.
É preciso garra.
É preciso alma.
É preciso amor.
E paixão.
É preciso a dor conter.
É preciso fazer das palavras,
A linguagem do coração.
Ser poeta é ter a alma em festa.
É fazer brotar o amor que secou.
É preciso cantar e nem sempre ,
Poder dançar.
É preciso dançar sem poder cantar.
A música que alguém cantou.
É preciso colocar e conter emoção.
Nas palavras que brotam na alma.
E são ditadas pelo coração.
Ser poeta é renunciar
Ao que se escreve.
É gritar o que não se vive.
É tocar de leve outras almas.
É deixar chorar a alma.
Que não se acalma.
É ser simplesmente Poeta.
Vera Salviano