Tudo parece congelado
em um cada vez mais rígido,
em um cada vez noite,
em um cada vez mais
alagado.
Tudo parece perdido,
com os sonhos todos naufragados,
com as esperanças todas acabadas,
com as terras todas
arrasadas.
E eu não sei mais
nem onde andam as putas inflamadas
para uma orgia
enlatada;
e eu não sei mais
nem onde andam os anjos e as puristas
com suas crenças e certezas
penduradas.
E eu me sinto assim,
cada vez mais longe do sol,
cada vez mais longe
de alguma luz
qualquer;
e eu grito
em febril delírio,
e ninguém ouve porque
eu grito silente nessa ruína,
como o último suspiro
de um condenado.
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)