o tempo passa sem anseio
vivo a adolescência
como um simples passeio
pela vida sem urgência
O tempo passa sem abstinência
desfruto da juventude
perco alguma inocência
e, ainda tanto me ilude
O tempo passa sem sentir
nos rostos dos filhos a rir
vem a Faculdade
foge-me a mocidade
O tempo passa depressa
para quem me foi referência
a vida acelera e cessa
sem permitir resistência
O tempo passa sem apelação
mantenho a cabeça erguida
não quero pensar na vida
já não fujo da solidão
O tempo esgota-se minuto a minuto
resistirei ainda, graças ao contributo
da medicina e da farmácia
até que perca a eficácia
O tempo esgotou...
por isso, meu amigo
truz truz
a leitura acabou
no jazigo não há luz
Não sou poeta mas, quem sabe, um dia escreverei
um texto que (pela persistência e sorte) possa ser lido como poema