Poemas : 

espera o naufrágio

 
À beira-rio
um rabelo flutua,
dá ares de que navega,
lá se entrega à margem nua;
num eterno arrepio, a boca larga atraca,
ataca o embarcadouro.
Douro abaixo, rio acima;
cadência de corpo, movido a vento
e alento
o lento.
Num leito arenoso,
profundo,
ao sabor da corrente
espera o naufrágio.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
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Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 05/10/2017 11:52  Atualizado: 05/10/2017 11:52
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8112
 Re: espera o naufrágio
Tal como se o barco tivesse vida... Gostei muito

Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 11/12/2023 17:56  Atualizado: 11/12/2023 17:56
Administrador
Usuário desde: 15/02/2007
Localidade: Porto
Mensagens: 3764
 Re: espera o naufrágio/ Rogério Beça
olá Rogério B.

as palavras e o ritmo neste poema criam uma cadência que contribui para o impacto dos versos no cais, tal como os possíveis movimentos da vida.

atenciosamente
HC

Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 11/12/2023 21:03  Atualizado: 11/12/2023 21:03
Usuário desde: 12/12/2011
Localidade: Lagos
Mensagens: 1444
 Re: espera o naufrágio
Olá Rogério,
Muito bom!
Entre o sonho e expectativas, nua spécie de limbo ode o tempo parou.
Paulo