CORAÇÃO AO VENTO
Em sono profundo,
Minha alma caiu.
Preferiu fazer de conta.
Que nada viu e sentiu.
Noite e dia dormiu.
Se houveram sonhos.
Não lembro.
Só sei que hoje.
Ainda é setembro.
Meu coração ao vento.
Eu soltei.
Pesava tanto.
De esperas em vão.
De solidão.
Até de discriminação.
Cheguei a pensar em disfarce.
Catarce.
O mesmo vento que trás.
É o que leva.
Leva vento, esse tormento.
Leva tudo que marcou.
Que ficou.
Leva o tempo que passou.
Leva amores sonhados.
Hoje, nem lembrados.
Leva lembranças, esperanças.
Leva o gosto dos desejos.
Do beijo não dado.
Os anos passados.
Tudo que recordamos.
E um dia sonhamos.
Leve a paixão.
Turva-me a visão.
Assim misturarei um olhar
Um doce sorriso.
Que me levou o juízo.
Que nesse tempo todo,
Foi pra mim alento, sedução.
Enlouqueceu meu coração.
Agora, tudo é pó ao vento.
Desidratada. Inanimada.
Esta minh'alma.
Tudo perdeu o encanto.
Ficou o pranto.
Até aquele sinal.
Que ainda animava meu coração.
Hoje sou nada. Nada sou.
Nada sou e nada sei
Diante do muito que te amei.
Sou coração aberto ao vento.
Sou folhas mortas que se vão.
Sou vestígios de alma, triste.
Sou solidão.
Sou ilusão,
Do que nem cheguei a ser.
Pra você.
Só isso tudo e mais nada.
O resto sou vento que passa.
Vera Salviano