Foi um dia como outro qualquer, cheio de filmes a abarrotar de estragos.
Cabisbaixo entalou a mão nas palavras mudas. Eram palavras tipo entranhas e choravam tristes como o tempo que se fazia sentir naquele matagal.
Ao longe a arruada do partido de laranja vestido afugentava os patos da loira planície alentejana.
De vermelho vestido, como que a espantar a seara de trigo, caminhava sem sentir as pingas grossas que lhe saíam dos olhos.
As suas mãos abandonadas ao frio, carregavam duas sacolas de espessas camadas de papel cheias de sonhos e de vontades.
Precisava da companhia da noite, ela trazia -lhe mais pensamentos e mais sabedoria àquele sentir. Contudo não era a solidão que lhe arrefeciam os pés, mas sim o choro das crianças que passavam à procura de frutos de outono e de afetos ao cair da noite.
Nesse dia jurou que nunca mais ficava triste, nem que trocava afetos ao amanhecer.
Afinal tudo era fugaz e quase nada do que se diz é para fazer.
Carolina