Já não existe o que nos caracterizava
já não temos matéria inflamável
tudo o que nos separa
é o que nos mantém por perto
Que estranha revolta dos sentidos
que labirintos são percorridos pela minha mente
já não me lembro dos tempos vividos
já não tenho morada decente
Estranha esta forma de entrega
de querer dar sem ter
tão doce e amarga
quando se é sem o ser
já não sou quem era
e tudo o que sou eu desconheço
sou uma fugaz quimera
perdido no tempo
Já não me reconheço
naquela doce sensação
sou uma miragem no deserto
que não sacia a solidão
Já não te reconheço
e não sei quem tu és
entregaste-te por um preço
por me quereres a teus pés
Eras tudo para mim
tudo o que sempre sonhei
já não sei o que sinto
apenas que te amei
Sou uma energia viva
uma luz que te cegou
uma musica mal ouvida
numa sinfonia que acabou
Sou um moinho de vento
que segue o ritmo da vida
embalado pelo tempo
abraçado pela brisa
Vou ser eu com mais vigor
vou chamar a minha essência
quero partir sem naufragar
no abismo da tua indiferença