FOLHAS ÓRFÃS
Nos peitoris de lôbregas janelas
Debruçam-se, reféns dos passos idos
São rostos sem viveza, combalidos
Lamúrias, desespero, fel, procelas
Os dias, folhas órfãs, amarelas
Viajam pelos ventos, ressequidos
Enquanto olhares tortos, aturdidos
Pranteiam na algidez de suas celas
Anseios feitos pútridos detritos
Sufocam, transformando em estilhaços
As almas por memórias assombradas
Do tempo as garras firmes, afiadas
Não deixam escapar de seus abraços
Os que dos sonhos calam tantos gritos
Jerson Brito