Poemas : 

Pesadelo de poeta

 
Ao rebentar da noite,o poeta dormiu
Sobre o seu leito,mil páginas repousadas
E outras tantas palavras que ali digeriu.
Ceia mal remida,estrofes atormentadas

O seu verso inacabado como anjo vil
A quem o céu delega almas condenadas
Com a fúria de Pirro vingado partiu
Ao rastro do poeta,seguindo as pegadas

E então o encontrou de tal sorte delirante
A afogar-se em metro rígido e verso torto
Que a morte lhe pareceu destino adequado.

Oh! verso vil de corpo e alma itinerante
Na cama,deixaste a velar o artista morto
No papel,escrito,um soneto acabado.

 
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Rócio
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Enviado por Tópico
atizviegas68
Publicado: 29/08/2017 11:23  Atualizado: 10/09/2017 11:41
Usuário desde: 09/08/2014
Localidade: Açores
Mensagens: 1538
 Re: Pesadelo de poeta p/ Rócio
Soneto de primeira apanha!
Verso alexandrino soberbo quer na forma, quer no tema. Uau...
O poeta fala de uma noite "mal dormida" e no sonho agitado o sujeito poético debate-se com as nuances e afazeres do seu próprio ofício: fazer poesia.
Destaco o segundo terceto, no qual o sujeito poético dialoga com o próprio "verso".

"Oh! verso vil de corpo e alma itinerante
Na cama,deixaste a velar o artista morto
No papel, escrito, um soneto acabado."


Uma maravilha para o gozo e para a inspiração.
Parabéns, muitos!
Obrigada por esta grande oferta poética. Bem-vindo.

Um abraço