Capital, Março de 18
Estou sem forças. Sinto que perdi esta guerra de nervos que é esperar-te, evitar o grito, chorar porque não voltas.
De dia para dia mirro dentro de mim, calco a pés fundo, fundo a chama que tanto se agita alegre para logo depois soltar um fiozinho de fumo extinta na prensa húmida dos dedos. E até ontem tinha tantas certezas... sabía que regressarías, lía nos sinais das nuvens e até mesmo no pardal que pousou no parapeito e esvoaçou mal soltei um riso tremido. Sabía em tudo e em nada.
Entendes o que digo? Aquele, sim aquele aperto de mão no peito que se transforma num alivio quando se encontra o que tanto se quer!
Já não tenho forças para te esperar mas também não tenho forças para sentir outra coisa que não o que tenho sentido por todos estes anos.
Anos... já passaram quantos, diz-me...
O beijo para ti é o meu.
Aquele de sempre, aquele que tu gostavas.